05/02/2014

Capítulo 11#

Saí de casa. Não aguentava tanta gente parva ao ponto de estar com Ben. Assim que cheguei ao passeio da rua, sentei-me e tentei respirar fundo. Olhei o céu durante um pouco. "Jordan". Como estaria ele?
Apercebi-me que estava de pijama na rua. Miúdos de bicicleta olhavam-me confusos. Aposto que queriam o mesmo. Que se lixe, meti a mão ao bolso e tirei um cigarro. Não costumo fumar. Mas, pais fora... e o Ben fez a festa, eu faço a minha. Acendi. Pus à boca, inspirei e expirei para o ar. Relaxante. Ouvi coisas a partirem-se dentro de casa. Uma luta? Levantei-me e fui ver o que era. Abri a porta e andei pelo corredor à procura dos barulhos das coisas a partir. Cozinha.
- És um porco! Um merdoso! Que nojo!
Só podia ser uma badalhoca. Até que fui me aproximando da cozinha e a voz era-me familiar. Era uma ex-namorada do meu irmão. Apenas mais uma badalhoca, estava certa a final de contas. Vivian, era o nome dela. Morena com olhos azuis que sempre julguei serem lentes, alta e com um peito que apostava que é 90% silicone.
- Que te interessa Vi?! Deixa a festa acontecer!
Sempre odiei ouvi-lo bêbado. Entrei para controlar os dois ou pelo menos deixar a Vivian desconfortável. Nunca gostou de mim. Nem eu dela. Entrei.
- Parece que afinal é difícil deixar os velhos hábitos.
Ela olhou para mim, provavelmente ainda na pensar no que eu disse, céus, como ela é lerda.
- Scar.- Bufou- Já só faltavas tu, não é? Adeus, Ben, cuida-te.
Passou por mim na porta e desfilou pelo corredor ainda a refilar baixinho. Eu não podia deixar de sorrir.
Após Ben tentar me contar como é que ela tinha aparecido, levei-o lá para baixo, para ver se ele dormia um pouco. Adormeceu assim que se deitou.
Saí da cave e comecei a acordar as histéricas e os sobreviventes para os mandar porta fora. Assim que me vi livre dos que ainda conseguiam andar, fui ver "o quarto". Acontece que o meu irmão tenta ter sortes, e por isso leva uma ou duas, ou três raparigas para "o quarto" que é o escritório do meu pai quando ele cá vem, mas enquanto não está, serve de quarto de sorte, onde é colocado o colchão mais nojento já visto e umas quantas velas.
Estavam duas desta vez. Uma completamente apagada e outra que dizia ter quase a certeza ter feito coisas ilegais. Sempre boa informação.
Esta rotina era aborrecida. Nas primeiras vezes tinha piada ajudar o irmão mais velho, mas limpar vómito, apanhar lixo e explicar à maior parte das pessoas onde estão torna-se enfadonho e ligeiramente nojento.
Deixei a casa limpa e livre de sobreviventes, tomei um duche e fui ver Ben. Ainda deitado a dormir.
Subi as escadas e deixei Gorillaz a tocar enquanto lia "O Canto de Mim Mesmo."
Até que ouvi algo a bater. Alguém tinha partido algo em casa? Como? O Ben estava a dormir ferrado. Ouvi melhor. Pedras contra a janela.