30/01/2014

Capítulo 10#

 – Há alguém lá fora. – disse-me.
- Quantos alguéns?
Ele suspirou e já de joelhos implorou-me: - São só algumas pessoas, querida maninha inocente, deixa o teu irmão mais velho ter alguma sorte, Scar!
- Não me chames isso e temos acordo. E ninguém aqui.
- Feito.- Correu casa fora e ouvi as histéricas a entrar, são sempre as primeiras a chegar e as últimas a sair.
Decidi manter a música e despachar-me para me deitar. Festas do Ben apenas dão-lhe oportunidade de ter sorte com umas badalhocas. Após me despachar, deitei-me no quente conforto da minha cama com o computador ao colo. O som lá em baixo enerva-me sempre um pouco: As histéricas gritam, os rapazes gritam enquanto bebem e a música é do piorio. E só de pensar no vómito que teria de limpar no dia a seguir…
Desliguei o computador. Deitei-me completamente e fiquei a fitar a minha pequena caixa que está numa mesa-de-cabeceira. “Hoje não, Scarlet, hoje não… vá lá…”, virei-me. Adormeci.
Deviam de ser 5 da manhã quando acordei de repente. O alçapão estava aberto. Entraram. Olhei à minha volta, fui à minha pequena casa de banho de sótão e lá estava um dos rapazes deitado no chão, após vomitar adormecera, supus. Bati-lhe com o pé um vez e outra e outra… Tirei a escova de dentes do copo, enchi-o de água e atirei-lhe à cara. Acordou num salto.
- Mas que mer…? Olá!!!
- Estás onde não devias.- Chutei.
Ele levantou-se, desafiando o meu olhar e dirigiu-se para a porta.
- Desculpe, sua alteza.
"Idiotas". Esperei que ele descesse, para eu fazer o mesmo. A casa praticamente vazia, sem contar com os copos no chão, as fitas coloridas, bebidas entornadas e algumas alminhas deitadas.
Confusão.


25/01/2014

Capítulo 9#

 Desci a rua, sempre com a ideia de que ele ainda me estava a observar. Eu só queria ir para casa. Para o meu quarto, sozinha.
Pensei nos rapazes lá da escola, dos pais do Jordan, naquela confusão de desenhos e no colar. Muita coisa. Demasiada coisa. Cheguei a casa, abri o portão, atravessei o pequeno quintal e antes de abrir a porta, sai uma rapariga de dentro. Salto alto, cabelos compridos, maquilhagem carregada de cores e se estivesse de fio dental e top estaria mais vestida que aquilo. Olhou-me tirando as medidas com o olhar, virou cara e sorriu convencendo-se da sua superioridade. Não resisti à estupidez e revirei os olhos. “Ben”, pensei.
Entrei, ainda pensando no quão fantástico era o facto de conseguir ver as cuecas da rapariga de tão curta que aquela amostra de saia era.  Tudo em casa estava normal, silenciosa, aborrecida. Fui à cave. Desci aquelas escadas estreitas e escuras. Até sentir um cheiro horrível a suor. Abri a porta da cave e lá estava ele deitado na sua cama de casal, ainda atrapalhado a vestir as calças à pressa.
- Benjamin Evans, não tens remédio.
Ele continuava a vestir-se à pressa. Apanhou um sutiã do chão e escondeu-o na almofada.
- A badalhoca nem o sutiã voltou a vestir? Onde foste engatar esta?- gozei.
- Que queres, Scarlet?
- Os pais?
- Jantar fora, aquela tentativa de falarem de algo interessante e produtivo para se sentirem um casal, só devem voltar amanhã de manhã. Tens planos?
Encolhi os ombros. Era uma pergunta retórica, nunca tenho planos. Saí da cave e fui para o belo sótão a que chamo quarto puxei as escadas dobradas no teto e entro. Meti um álbum de Pantera a dar no leitor de CD’s e deitei-me na cama a cantar. Passado uma hora, já farto, Ben ainda gritava para eu baixar o som, em vão. Apenas rio.
O alçapão é aberto e ele espreita.
- És a irmã mais parva que poderia haver, não me ouves? Baixa a porra desses berros. Há alguém lá fora.

24/01/2014

Capítulo 8#

-Isto é um pouco estranho, mas isto é teu.- disse-me.
Espreitei, sim, era. Pensava que o tinha perdido, mas pouca importância tinha. Era apenas um colar barato que me fora oferecido por uma daquelas tias que nem me lembro do nome.
- Há umas semanas, no início da escola, deixaste-o cair, eu apanhei e não tive a decência de o devolver. Mas já agora…- com muita calma, rodeou-me e foi para trás de mim.- Podes desviar o cabelo?
Ele colocou-me o colar e após isso, eu virei-me, ele olhou para mim e sorriu. "Pateta", pensei. Mas apesar de tudo, fez-me corar e isso irritou-me. 
-Obrigada.
E fui andando para a porta. Saí do quarto e desci as escadas, ele vinha atrás, claro. Sim, gostei do gesto, mas estava a ficar tarde e incomodava-me tanta conversa simpática comigo, tanto sorriso e carinho, totalmente desnecessário, se ele pensa que consegue encantar-me como as outras, oh... Rapazes bonitos....mas pouco importava, tinha de ir embora. Abri a porta de casa e saí, quando ia a fechar a porta ele coloca o pé, não me deixado fechar e abre a porta.
- Depois vemo-nos?- disse com aquele sorriso de quem tenta mostrar charme.


- Tanto faz, como queiras.