25/01/2014

Capítulo 9#

 Desci a rua, sempre com a ideia de que ele ainda me estava a observar. Eu só queria ir para casa. Para o meu quarto, sozinha.
Pensei nos rapazes lá da escola, dos pais do Jordan, naquela confusão de desenhos e no colar. Muita coisa. Demasiada coisa. Cheguei a casa, abri o portão, atravessei o pequeno quintal e antes de abrir a porta, sai uma rapariga de dentro. Salto alto, cabelos compridos, maquilhagem carregada de cores e se estivesse de fio dental e top estaria mais vestida que aquilo. Olhou-me tirando as medidas com o olhar, virou cara e sorriu convencendo-se da sua superioridade. Não resisti à estupidez e revirei os olhos. “Ben”, pensei.
Entrei, ainda pensando no quão fantástico era o facto de conseguir ver as cuecas da rapariga de tão curta que aquela amostra de saia era.  Tudo em casa estava normal, silenciosa, aborrecida. Fui à cave. Desci aquelas escadas estreitas e escuras. Até sentir um cheiro horrível a suor. Abri a porta da cave e lá estava ele deitado na sua cama de casal, ainda atrapalhado a vestir as calças à pressa.
- Benjamin Evans, não tens remédio.
Ele continuava a vestir-se à pressa. Apanhou um sutiã do chão e escondeu-o na almofada.
- A badalhoca nem o sutiã voltou a vestir? Onde foste engatar esta?- gozei.
- Que queres, Scarlet?
- Os pais?
- Jantar fora, aquela tentativa de falarem de algo interessante e produtivo para se sentirem um casal, só devem voltar amanhã de manhã. Tens planos?
Encolhi os ombros. Era uma pergunta retórica, nunca tenho planos. Saí da cave e fui para o belo sótão a que chamo quarto puxei as escadas dobradas no teto e entro. Meti um álbum de Pantera a dar no leitor de CD’s e deitei-me na cama a cantar. Passado uma hora, já farto, Ben ainda gritava para eu baixar o som, em vão. Apenas rio.
O alçapão é aberto e ele espreita.
- És a irmã mais parva que poderia haver, não me ouves? Baixa a porra desses berros. Há alguém lá fora.

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