25/11/2013

Capítulo 2#

Sentia que só podia estar a alucinar, ou algo do género.
- Hei.
- Hei - respondi eu, com a minha voz a soar mais nervosa do que eu esperava.
- Que andas a ler? - perguntou, enquanto se sentava a meu lado.
Desviei o olhar.
- "As Folhas de Erva" de Walt Whitman.
- «Entrego-me à terra para crescer da erva que amo. Se me queres de volta, procura-me debaixo da sola das tuas botas.» - citou.
Cada palavra dele parecia planeada, sábia e bela. Dei por mim a olha-lo e a contempla-lo. Ele esperava uma resposta minha e como não tenho jeito para respostas limitei-me a perguntar:
- Hã?
- É uma parte do livro. "O canto de Mim Mesmo", sabes? - ele continuava a sorrir.
- Ah... Sim, sei...
- É uma metáfora. Fala de que quando morremos voltamos às nossas origens. Voltamos à terra, e depois crescemos da erva. A erva simboliza a vida, a esperança e por fim, a morte.
Eu nem sabia o que dizer. Ele tinha lido o livro, e estava a cita-lo. A mim. Entretanto acordei e percebi que tinha de ir para as aulas. Levantei-me e ele fez o mesmo. Eu não conseguia dizer nada, estava demasiado pasmada com a situação. Comecei a andar para a sala e ele seguia-me. Olhei para trás e ele já não sorria. Parecia atrapalhado a vir atrás de mim. A perder-se na multidão. Eu já mal o conseguia ver. Ali, ao longe. Até que ele grita.
- Espera! Não me disseste o teu nome! Espera!
Mas eu não conseguia esperar. Não sei. Eu não estava a acreditar que um rapaz como ele tenha sequer vindo falar comigo, não podia ser. Mas era. Tinha. Comigo. Parei, virei-me e gritei em resposta.
- Scarlet! Scarlet Evans!
Ao ouvir, ele sorri.


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